12/11/2011

Aulas diferentes conquistam alunos

Melhorar o mundo a partir da sala de aula. Essa é a proposta de muitas escolas que tentam inovar e tornar as aulas mais atrativas para os alunos. No livro Em busca do sucesso escolar, a professora Ester Luisa Dias atribui o abandono escolar ao estilo de ensino inadequado, associado aos problemas familiares. Atrair um aluno e facilitar o aprendizado tem reflexos positivos na redução de índices de violência e de dependência de drogas.

Associar visualmente o conteúdo é a proposta da Escola Livre Porto Cuiabá, cujo foco é no aluno e em seu potencial. A escola utiliza a pedagogia Waldorf, desenvolvida pelo austríaco Rudolf Steiner, que tem como meta proporcionar aos alunos um despertar harmonioso de todas as suas capacidades.

"O aluno é o centro e planejamos a aula de acordo com o que a criança ou adolescente precisa e da forma consegue assimilar as informações. As aulas acabam ficando mais atrativas porque estão de acordo com o que a criança está pronta para aprender", afirma a coordenadora do ensino fundamental da escola, Alisssandra Moreira de Souza.

Nesse tipo de pedagogia, o aluno participa do processo de ensino e a teoria é associada à prática, o que auxilia na fixação do conteúdo através da vivência. Utilizando imagens e conceitos físicos e abstratos, os alunos se vêem dentro do que é ensinado e aprendem de forma mais prazerosa.

As aulas desinteressantes fazem os alunos terem mais dificuldade de aprendizado e tornam a sala um lugar monótono e sem atrativos. Para qualquer idade, uma aula chata é estressante e os conteúdos transmitidos tem efeito mais passageiro, a famosa decoreba para passar em uma prova.

"Buscamos dar uma visão prática das coisas para que os alunos consigam ser ativos no mundo e possam fazer a diferença. Em uma mesma aula, professores de matérias diferentes podem falar sobre o mesmo assunto. O conhecimento não é fracionado e sim inteiro", explica a coordenadora de ensino médio da escola Livre Porto, Maíra Dorado Rodrigues.

Para conseguir esse resultado são realizadas peças de teatro para encenar, por exemplo, o ciclo da água, no caso dos alunos do segundo ano. Os livros possuem espaços para que o aluno ilustre o conteúdo da aula e escreva com as próprias palavras, dessa forma a linguagem é acessível e feita de modo prazeroso para os alunos.

Uma técnica mais simples, mas que também alcança bons resultados são as aulas de campo. Visitar um exposição em um museu, conhecer a parte histórica da cidade ou descobrir o processo de crescimento das plantas pode ser aventura para os alunos.

O colégio Prudente Campos, localizado no Parque Cuiabá, utiliza essa tática aliada ao ensino tradicional. "Os professores preparam a aula de acordo com a visita e depois os alunos trazem as informações para a sala de aula através de provas e seminários", declara a diretora Marly Prudente Campos.

A partir do que vêem, os alunos conseguem aprender melhor os conteúdos. Essa adaptação da linguagem das aulas surgiu da observação dos professores de um melhor aproveitamento em aulas fora da sala. "Os alunos gostam de aprender em campo e conseguem transmitir e assimilar o conteúdo, não da forma como está nos livros, mas do jeito que eles entendem. Ao vivenciarem o assunto eles não esquecem", ressalta a coordenadora pedagógica Marinalva Gomes Vieira.

Complementar os temas do livro didático também pode ser usado para atrair os alunos. Mostrar como são as fases da água na cozinha da escola é um exemplo barato e de fácil acesso para os professores. Usar o espaço físico do colégio, como jardins e quadra de esportes para expandir os ensinamentos tira a formalidade da sala de aula e traz um maior proximidade entre professor e aluno.

Uma ideia que une música e ensino. Esse é o objetivo dos Concertos Didáticos, um projeto da Orquestra do Estado de Mato Grosso, que leva música clássica às escolas e também auxilia os professores a utilizar a música em suas aulas.

"Antes de irmos para as escolas, fazemos uma oficina de capacitação com os professores para que eles possam preparar os alunos para a temática do concerto e também utilizar a música nas aulas. Já vimos histórias de professores que utilizaram música para ensinar matemática, física, português e artes", conta a coordenadora do projeto, Érika Lustosa.

Na primeira fase, a orquestra vai à escola e faz uma apresentação musical e dos instrumentos. Depois, os alunos vão ao teatro e assistem ao concerto em um local próprio, onde música e teatro se unem para contar "A Ópera dos três vinténs", baseada na obra do dramaturgo alemão Bertold Brecht, com música do também alemão Kurt Weill.

A interação entre os alunos do 9º ano do ensino fundamental e do 1º ano do ensino médio com o maestro Murilo Alves é feita informalmente. Os adolescentes podem fazer perguntas e caso tenham interesse em aprender música são encaminhados ao Projeto Ciranda.

Desde os primeiros anos de vida, a música é recomendada para desenvolver habilidades. A audição estimula o cérebro, de acordo com sua velocidade, timbre, ritmos e harmonia. Utilizar a música também é uma forma de transmitir ideias e informações, podendo ser utilizada como expressão do aluno.

Inovar, palavra que define o esforço de milhares de professores que tentam, muitas vezes sem recursos, fazer da sala de aula um lugar divertido. Música, passeios, experiências...Vale tudo para melhorar o aprendizado.
Crianças e adolescentes mais felizes e que aprendem são o objeto desses professores. Cuidar não só do aprendizado, mas da saúde emocional dos alunos, tornando a escola um ambiente aconchegante e confortável.

Muitas escolas têm modernos computadores, professores formados nas melhores universidades, apostilas, quadras de esportes e outros atrativos. Porém, ensinar não depende apenas de estrutura física. Investir na capacitação e remuneração dos professores é uma questão que envolve saúde, violência urbana, relações familiares e muitos outros aspectos.

Professoras como Amanda Gurgel, que protestou contra o salário de R$ 930 para salvar o mundo, representam milhares que tentam inovar e transformar a realidade com pouco.


AMARAL, Thayta. Aulas diferentes conquistam alunos. GAZETA. Disponível em: http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/18/materia/278693. Acesso em: 12/11/2011.



1 comentários:

Esta atividade foi compartilhada pela professora Amanda

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